segunda-feira, novembro 27, 2006

Respira e conta até 10

Correndo que nem um desgraçado. Nem a chuva pra dar uma refrescada.

sábado, novembro 11, 2006

Saudação à primavera

Satyrianas estava linda. Entre 4 dias de teatro, principalmente teatro, somado a música, literatura, artes plásticas, cinema digital, performances e poesia, a energia que impregnou a Praça Roosevelt conseguiu transportar as pessoas para um lugar lindo de ser experimentado.

Dava pra ver um Ivam Cabral apaixonado pelo que faz, e por tudo o que via acontecer em sua casa. E um Rodolfo (García Vázquez) que não parava em nenhum segundo, passando entre amontoados de pessoas, pedindo licença, e organizando um espaço por onde circularam milhares de pessoas. Com direito a sorrisos sinceros em uma expressão de cansaço que não tiravam em nada seu brilho.

Os Parlapatões, que receberam a abertura do evento, também chegaram para fazer bonito. Segundo Rodolfo, “o vizinho que todo mundo gostaria de ter”. Que permaneçam unidos. A gente (público) agradece. A Praça e São Paulo também.

Os vendedores de balinhas, crianças, curiosas, estiveram presentes em Uruborus (peça de 78h, com 156 atores). Lá podiam entrar e sair quando quisessem. O primeiro menino sentou com sua caixa, seus aparentes 10 anos de idade, chinelos e uma roupa surrada. Assistiu a cerca de 5 minutos de peça, quando sem pedir por isso, chegou a dividir a atenção de algumas pessoas. Era um estranho, mas estava lá.

Uma segunda vendedora, que parecia ter a mesma idade, também queria assistir, e trocou de lugar com o primeiro. Misturada ao resto do pequeno público, a princípio não prestava muita atenção. Contava moedas. Até que os dois atores finalmente conseguiram prender sua atenção, mesmo que ainda estivesse brincando com as moedas. É interrompida. O primeiro vendedor a chama discretamente desde cima. “Peraí, deixa acabar”, respondeu ao menino. “Vamos!”, ele insistiu, em uma tentativa de sussurro. A menina queria continuar, algo a prendia. “Para, quero ver”, insistiu.

E eu assistia. Não à peça, mas às crianças da Roosevelt em Uruborus, entre fotógrafos, e a tal da classe intelectual. Fui embora antes da criança.


Marquês de Sade em cortejo a José Celso:


Na madrugada de quinta para sexta-feira aconteceu a primeira homenagem das Satyrianas. Justíssima. Ainda apaixonado pelo Teatro Oficina e “Os Sertões”, eu estava lá no meio: O diretor José Celso (Martinez Corrêa) era levado em carruagem do Oficina até o Espaço dos Satyros, acompanhado pelos personagens de “Os 120 dias de Sodoma”, montagem (dos Satyros) baseada no texto de Marquês de Sade.

Começou tudo de forma inusitada: Mal chegamos ao Oficina e as portas se abriram. Estava terminando O Homem I (de “Os Sertões”), com as pessoas de mãos dadas em uma roda cantando Ciranda Cirandinha. Já havia estado em duas ocasiões na mesma roda, mas mesmo dessa vez não tendo ido até lá para ver a peça, fui chamado para uma terceira, junto às pessoas que estavam de fora. “Vamos para o Satyros!”, disse José Celso em seus costumeiros discursos pós-espetáculo. E um grupo até que considerável de pessoas foram, atrás da carruagem, e continuando a cantar Ciranda Cirandinha. Patrícia Aguille acompanhava o cortejo nua em um cavalo branco.

O percurso só foi interrompido em um momento. José Celso pediu para parar a carruagem, e guiou o grupo de pessoas até um prédio. “É Catarina”, disse o diretor.

E todos ecoaram incansavelmente: “Catarinaaaaaaaaa!”. Alguém foi até a janela, mas não era ela. Aliás, até hoje acho que ninguém sabia quem era a tal de Catarina. Só se sabe que não estava lá.

Carruagem, Zé Celso, cavalo branco, amazona nua, libertinos e simpatizantes continuaram até a Praça Roosevelt. Foi bonito. Pena apenas que o elenco do Oficina não acompanhou o cortejo.


Caçamba versão Guantanamera:

Ah, que caçamba gostosa. No meio de tanta difusão cultural e cerveja, havia uma caçamba preparada para intervenções de última hora. Na sexta-feira (se não me engano), meus amigos do Sagoma me disseram que no dia anterior tinham lançado uma nova tendência de cena bizarra. Cena comentada, teríamos que fazer o mesmo, só que com um número de pessoas maior. Nessas condições... o Maurício chamou o Ivam, e a brincadeira começou:

1 na caçamba...apenas 1 na caçamba...
2 na caçamba....

Pulando e gritando cada vez mais alto, com direito a um “vem! vem!, vem! vem!” muito bem colocado, chegamos a 32. O Rodolfo chegou avisando que o barulho estava ecoando dentro de uma peça. Ok.

No dia seguinte, na hora certa, chegamos a 40. Na caçamba. Ao som de Guantanamera...

Ah, tem vídeo disso...que foi até premiado (segundo o Fabrício, em DVD a imagem é bem melhor). Estou sem paciência no momento pra colocar ele aqui, mas se fuçarem o coletivo ou o Diário de Olinda, vocês acham.

Pra terminar...

Inocência” é linda. Revi “A noite antes da floresta”. Não re-re-vi “Os 120 dias de Sodoma”. Conversei e bebi bastante. Olhei pras pessoas (tenho adoração por pessoas). Perdi muita coisa, muita peça que queria ver. Perdi o show de bizarrices, que disseram ter sido genial. Enfim, não dá pra ter tudo. Mas estive por lá... e valeu demais.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Alô, som.

Não é nenhum mistério que os blogs têm sucesso garantido na natureza voyeurista das pessoas. No exibicionismo também. Me rendi...perco aqui a virgindade nesse mundinho alternativo. Quero escrever um pouco mais, sem compromisso algum. Provavelmente deveria ter feito isso antes.

Vamos começar. Aos poucos as coisas vão aparecendo nesse depósito.